terça-feira, 31 de agosto de 2010

Há um infinito de tipos de pessoas

Só há dois tipos de pessoas: as que agem e as que ficam paradas.
Só há dois tipos de pessoas que agem: as que acertam e as que erram.
Só há dois tipos de pessoas que erram: as que se arrependem e as que não se arrependem do erro.
Só há dois tipos de pessoas que se arrependem: as que querem voltar atrás e as que querem ver no que vai dar.
Só há dois tipos de pessoas que querem ver no que vai dar: as que acabaram encontrando algo de bom no erro e as que conseguem se acomodar em todas as situações.
Só há dois tipos de pessoas que acabam encontrando algo de bom no erro: as que se apaixonam e as que têm medo de consertar o erro.
Só há dois tipos de pessoa que têm medo de consertar o erro: aquelas que acham que merecem o castigo por terem sido burras e as que acham, por ilusão, que vão aprender com o erro.
Só há dois tipos de pessoas que acham que vão aprender com o erro: as que nunca erraram antes e as que pensam que nunca erraram antes.
Mas não há nenhum tipo de pessoa que nunca errou: nem aquela lá do comecinho, a que ficou parada. E justamente deve ter errado porque ficou parada.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Como preparar uma crônica


1º. Olhe as pessoas em volta;
2º. Olhe dentro de si mesmo.

Modo de preparo:
Pegue o que observou das pessoas e jogue dentro de si mesmo. Bata por dez minutos e deixe descansar. Vai crescer que é uma maravilha! Quando tomar proporções generosas, despeje tudo em uma folha de papel. Polvilhe, a gosto, com tudo o que estiver no seu imaginário e voilà!

O capitalismo exacerbado versus O consumismo inocente

Estes dias, eu estava voltando do cursinho e me vi obrigada a passar no supermercado para comprar meu almoço - uns empanados de R$ 0,49.
Meu professor de redação mora em frente ao supermercado e comecei a lembrar o que ele havia dito em aula: que os mercados distribuem os itens estratégicamente por onde passam os olhos de seu público-alvo. Ou seja, itens para adultos - como cremes antirrugas e fraldas - encontram-se nas prateleiras do alto, e as balas e os itens para festa se encontram rentes ao chão, justamente para que as crianças possam segurá-los, enquanto gritam: - Mão me compra isto e isto e isto e mais isto? E também este bichinho superdivertido (superdivertido!! o bichinho não serve para nada, é uma cruza de pônei com Jão-bobo, mas ele é rosa choque e está ao alcance de suas mãozinhas)?
O pônei sem patas é o de menos, pior é esta: - Mãe me compra esse cerealzão? Vai durar todo ano!
- Filho, isso é ração pra cachorro (Freud explicaria: ração pra cachorro é apenas um item para adultos que a prateleira não suporta).
Mas tem um detalhe que a maioria dos organizadores de item ignoram: crianças-de-colo-que-sabem-falar! Estas pobres crianças ficam aborrecidas em supermercados, pois seus olhinhos ficam na altura dos itens para adultos. É para elas um grande mistério o fato de seu irmãozinho se divertir tanto por lá.
Bem, chega o momento de passar no caixa. A mãe se dirige ao caixa 3, que é por onde devem passar as pessoas com mais de 50 itens. Enquanto a mãe tira as coisas do carrinho, a criança de colo vê o irmão se deliciando com a escolha entre dezenas de variedades de chicletes que ficam bem na frente do caixa e - o mais importante - ao seu alcance. Na altura da criança de colo, só giletes e isqueiros. De repente, eis que surge em seu campo de visão, como se milagre fosse, de todos os sabores: morango, uva, chocolate! Então, a criança de colo estende os bracinhos na direção daquela que é a única coisa que lhe agradou em toda a sua história de frequentadora de supermercados num colo de mãe.
A criancinha começa a gritar com a força que só cordas vocais muito jovens têm. - Manhêêê me compra esta?? A de uva, mãe. Eu quero de uva!
A mãe, constrangida, pois é observada pelos olhos de todos os que estavam no super, tenta acalmar a filha que grita em desepero, pedindo que a mãe lhe comprasse - sem saber - um pacote de preservativos sabor uva.
O iramãozinho que também é inocente (mas apenas neste sentido, pois já sabe mentir, chantagear, estorquir os avós e chutar como ninguém) percebe que a irmã está usando o mais velho truque das mulheres para conseguir o que querem: o choro, e ele decide experimentar. "Vai que cola", ele pensou. E abriu o berreiro.
- Buááá eu também quero, lá em aula todo mundo come dessas e eu nunca tive!! Me compra uma mãe?? Buááá.
E ainda tem mais quarenta e nove itens para passar no caixa, porque a funcionária parou de trabalhar para assistir à sua ruina. Então a mãe soluciona o problema de um jeito que, na hora, pareceu-lhe uma boa ideia, ou pelo menos, trouxe-lhe novamente a paz do silêncio.
A mãe acaba tendo que fazer cento e trinta e duas horas de terapia para curar o trauma, pois, ao chegar em casa, ligou a tv e ouviu o Datena falar: "um cinegrafista amador flagra o exato momento em que uma mãe dá aos filhos menores de idade pacotes de preservativos. Isso é um absurdo, pô! Cadê as autoridades?" 
O que esta mãe não consegue entender é o porquê! Por que os supermercados não distribuem os itens conforme o público-alvo!  

domingo, 11 de abril de 2010

Guilty

Caso 1.025: O pintor versus a Pintura

Com a palavra, o advogado de defesa:
A questão é muito simples. Se não quer frustrações, então, não crie expectativas. Não pinte uma tela linda, perfeita porque pode acabar acreditando que aquela cena (congelada) é ou será real. A intenção do pintor é boa, porque o sentimento do pintor é puro, mas a pintura carrega um poder próprio. Se você pinta uma cena da natureza com água limpa e com borboletas voando, você sente paz por alguns momentos.. ainda que esteja em meio ao lixo. Eu nem ousaria dizer que a pintura é culpada, mas - é fato - dizer que o pintor é culpado é um erro infinitamente maior.

Com a palavra, o promotor:
O réu é, de fato, culpado. E contra fatos não há argumentos.
As vezes, esperamos demais de algumas pessoas. Esperamos que sejam perfeitas em tudo, pelo simples fato de elas serem "a nossa pessoa", seja nosso amigo, seja nosso amor. Talvez, por isso, fiquemos tão chateados quando elas borram o quadro de perfeição que pintamos delas.
A culpa, evidentemente, não é delas; a culpa é nossa - somos os pintores. Naturalmente, quando passamos a amar alguém, vemos crescer milhões de expectativas, as quais - é lógico - poderão ou não se cumprir. Essas expectativas incluem, por exemplo: amar os animais; ter paciência com os velhinhos; se importar com os outros; ser ele, mesmo que desagrade alguns; etc. As pessoas que gostam de nós, estão ao nosso lado nos momentos em que precisamos delas.. quanto às pessoas as que não agradamos, bom.. nós não precisamos delas ao nosso lado mesmo.
A culpa, definitivamente não é delas. Mas você também não tem que mudar e dizer "amém" ao que nunca tolerou. Você pode -  e deve -  pensar:  - Posso conviver com isso sem que isso afete ou diminua o amor que sinto? Se a resposta for sim, passe por cima do assunto, afinal, quem disse, sabia sobre  o que estava falando: "Passamos a amar, não quando encontramos uma pessoa perfeita, mas quando aprendemos a ver perfeitamente alguém imperfeito". Não podemos exigir perfeição, afinal, não somos perfeitos.
Ratificando a minha fala: Se você culpa a outra pessoa por causa de expectativas (criadas a partir da ilusão) que não se cumpriram, pare e pense... a culpada é você!
O culpado pelo insucesso é sempre o pintor, nunca a pintura.

O veredicto é Culpado! Mil vezes culpado e a pena é a própria culpa e ser carregada.. não há o que doa ou pese mais. Ainda que a pintura tenha sido borrada, sua lembrança não foi e é isso que dói: saber que por mais que se tente pintar um quadro igual, não será a mesma coisa.
Culpado!
Por esperar demais, querer demais, e receber de menos.

(Isto é uma pintura surrealista pintada por extenso. Preciso dizer que só os inteligentes conseguem enxergar?)

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Casar da azar?

Desde os tempos mais primórdios, vem se perpetuando a absurda fala de que TODA mulher sonha em casar. [Tive que rir] É claro que esse pensamento apavora qualquer homem, basta ouvirem "Quero casar" e Puff, os homens somem e nunca mais... Aposto que os homens que venham a ler isto, dirão que estou generalizando. Mas e pensare que todas as muheres sonham em casar não é generalizar??
Filhos, as vezes, as mulheres nem perdem tempo pensando na possibilidade de - um dia, quem sabe, se não tiverem nada mais importante para fazer - casar. E é nesse ponto que eu queria chegar. Eu já ouvi falar de mulheres que fogem no dia do casamento, outras que desmaiam na hora, outras que vão adiando, adiando até o homem desistir, e outras que já terminam o namoro quando começa a ficar sério demais. No entanto, até então, eu só havia ouvido falar. Agora, eu conheço uma!!! É claro que virei fã. O motivo pelo qual ela desistiu do casamento foi engraçado demais e é por isso que eu decidi contar.
Esta mulher - que vou chamar de Mulher Original¹ - recebeu o pedido de casamento e aceitou. Normal, afinal, assim, de sopetão, a gente tem vergonha de dizer que não, justamente por não ter um motivo sequer para apresentar ali na hora (ou melhor, há milhões, mas não devem ser ditos). Mas conforme o tempo foi passando, um pensamento passou a atormentá-la. E era um pensamento que sussurava... Casar... asar.. azar.. Azar!
E, por mais que ela quisesse se livrar daquele maldito pensamento, não adiantava.. Era sempre aquilo martelando na cabeça: Casar... asar... azar... Azar! Digam-me, como ela poderia se casar, se o subconsciente feminino dela a estava alertando de que o casório traria azar?
Foi então que - olha o ápice da história - a Mulher Original mandou a fala milenar às favas e desmanchou o noivado, afinal, casar seria um pesadelo e não um sonho. E viveu feliz para sempre (depois do Novo Romance Histórico, acho que acabamos de presenciar o Moderno Conto de Fadas).
E foi sorte não ter casado, porque, pelo jeito, se ela quisesse se separar depois, não iria conseguir. Imaginem, se cada vez que ela pensasse no divórcio, surgise o pensamento: Separar... parar.. parar.. parar! Ela iria ficar presa ao casamento para sempre.
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¹quem conhece, sabe porque

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Conhece-te a ti mesmo

...uno hay que autotranscenderse


para eso, primero, hay que conocerse...

Eu e ela estávamos conversando, acompanhadas do bom e velho chimarrão... o costumeiro matezito da tarde, companheiro dos solitários. Aquela doida estava ainda abalada com a amnésia do namorado, resultado de um acidente ocorrido há mais de um ano. Ela se indignava:
- Nem tivemos filhos, não construímos nada juntos.. nada.
E era egoísta, tomara dois mates seguido. E se lamentava:
- Ser abandonada é uma coisa, ser esquecida é outra...
Vi que ela já ia servir o terceiro mate, foi quando pensei em abordá-la, mas sua voz distante e chorosa chegava aos meus ouvidos como tormentos dentro da minha cabeça.. desconcertante! Eu estava tão fixa naquelas palavras que nem a alertei para o fato de que a água fervente da térmica estava escorrendo por sua mão. Ela tão pouco percebia.
De repente, nasceu uma bolha enorme, de queimadura, bem na minha mão. Mas como? Foi então que eu olhei bem dentro dos olhos daquela louca. Ali, eu me enxerguei. Diante de mim, só jazia um espelho... a louca era eu.



a foto é daqui http://www.universo42.com/wp-content/uploads/2009/08/espelho.jpg

sábado, 12 de setembro de 2009

Fábula sem fim: a sopa, o sapo e a mosca

Era uma vez uma mosca que provocava um sapo. Todos os dias ela ia até a lagoa e voava rebolante bem diante dos olhos do sapo, e por mais que ele esticasse a língua, não conseguia alcançá-la. Então, ele dizia:
Um dia o jogo vira..
se hoje eu busco te alcançar, então,
amanhã, tu implorarás por mim.


A mosca, achando-se esperta por saber escapar do sapo, acabou caindo num prato de sopa e se afogando. O sapo ficou só olhando...
(se a história acabasse aqui, a moral seria: não se pode ganhar todas)

A mosca disse: Espere! Se me salvas, então, podes me comer. E assim que o iludido sapo a tirou da sopa, ela voou para longe
(se a história acabasse aqui, a moral seria: não abuse da sorte)

Qual não foi a alegria do sapo ao ver que a mosca cambaleante caira na panela de sopa fervente. No fundo, ela sabia que mosca só tem dois destinos: ou o sapo ou a sopa. Ainda assim, ela se sentiu feliz só por não ter sido comida pelo sapo.
(se a história acabasse aqui, a moral seria: a sorte pode virar a qualquer instante)

O sapo, rancoroso, sabendo disso, foi até o caldeirão, na esperança de tirar a mosca de lá e comê-la. Ao se apoiar no caldeirão, queimou-se, o espasmo fez com que a panela virasse sobre ele.
A morimbunda mosca, compadecida, ainda pôde dar uns passinhos, colocando-se dentro da boca do sapo. Afinal, era o mínimo que podia fazer por alguém que morreria por ela.
O sapo, com enorme dor, fez um esforço tremendo e conseguiu engolir a mosca. Sua expressão era de orgulho e satisfação.
(aqui, a moral seria: Maldade gera maldade, mas bondade não gera bondade)

Chegando no estômago do sapo, a mosca viu muittas outras moscas lá dentro. Arrependida, pensava: Me fez acreditar que eu era especial e acabei me tornando só mais uma.
(acreditem, a história não acaba aqui. Por ora, a moral-geral é que: destino de mosca é morrer, seja por sapo, seja por sopa)